Alemanha enterra milhares de ossos humanos encontrados em campus de universidade

AP – Markus Schreiber

Um funeral sem corpo, de vítimas sem identidade: a Universidade Livre de Berlim (FU, na sigla em alemão) enterrou nesta quinta-feira (23) milhares de fragmentos de ossos descobertos no seu campus, vestígios de crimes cometidos em nome da ciência e das práticas da era nazista.

Em 2014, operários da construção civil fizeram uma descoberta macabra enquanto trabalhavam no local: ossos humanos. Cerca de 16 mil fragmentos de ossos foram desenterrados até 2016.

A conclusão dos especialistas após vários anos de pesquisa é que os ossos vêm de “contextos criminais”, ocorridos no período colonial, e “parte deles também pode vir de vítimas de crimes nazistas”. As descobertas são evidências das práticas e da ideologia do Instituto Kaiser Wilhelm de Antropologia, Genética Humana e Eugenia (KWIA), um reduto de cientistas nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. No local estava situado o fosso contendo os restos humanos.

“Existem crimes sobre os quais nenhuma grama cresce ou deveria crescer. Precisamos nos lembrar disso”, disse o presidente da universidade, Günter Ziegler, na cerimônia de sepultamento em um cemitério no oeste da capital da Alemanha, não muito longe do campus. Os ossos, colocados em cinco caixas de madeira, foram depositados sob uma estela coberta com coroas de flores.

Segundo a perícia dos arqueólogos, os ossos pertencem a pelo menos 54 adultos e crianças, homens e mulheres. A maioria deles data de pelo menos dois séculos atrás. Havia também fragmentos de esqueletos de ratos, coelhos, porcos e ovelhas.

Decisão de não identificar os restos

O instituto também abrigou a extensa coleção do antropólogo Felix von Luschan, “envolvido na coleta de restos humanos em todo o mundo”.

(Com informações da AFP)

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